terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Barca Velha 1995

Num almoço com um grupo de amigos, a conversa andava à volta do vinho, chegando ao Barca Velha, onde a pergunta colocada foi: "O Barca Velha vale o preço?". Ninguém conseguiu responder, porque ninguém tinha provado... ficou um desafio, "vamos provar", para isso e para não custar muito surgiu a ideia de contribuímos com 1€ por semana cada um (éramos 8), e quando chegássemos ao valor estipulado, compraríamos a garrafa, para numa bela jantarada degustarmos esse néctar e tirar todas as teimas.

Este projecto foi avançando, fazíamos por diversas ocasiões provas, que chamávamos de preparação para o Barca Velha, onde 2 de nós, à vez, traziam garrafas que iam a prova, com pontuação e relatos de cada um, eventos muito engraçados, com que todos evoluímos neste nosso caminho até ao Barca Velha.




Com enorme satisfação conseguimos um grande aliado, o Sr. Joaquim, dono do Restaurante a Floresta do Salitre, que nos disponibilizava no seu restaurante, a garrafa Magnum de Barca Velha 1995, a um preço que nenhuma garrafeira conseguia acompanhar.

Depois do longo percurso em conjunto, chegou o dia... o grande dia!

Quando chegámos ao Restaurante (Floresta do Salitre) a mesa estava preparada a rigor, num retangulo alargado, que fazia com que estivéssemos todos com mais espaço e com possibilidade de conversar melhor e trocar ideias entre todos os presentes com mais facilidade.
As entradas estavam preparadas, uns óptimos salgados, um queijo de grande qualidade, um melão com presunto de chorar por mais, o pão sempre muito bom e não podiam faltar as bolachas de água e sal com marmelada para limpar o palato.



Para nossa surpresa o Sr. Joaquim, gentilmente, ofereceu-nos umas garrafas para bebermos antes de entrarmos na prova do esperado Barca Velha. Um Quinta do Carmo Reserva 2000, um Bacalhoa 2001 e um Chryseia 2001. Não me vou alongar na análise a estes vinhos, mas o Quinta do Carmo, estava já com a idade a pesar, mas ainda com muito para dar, o Bacalhoa, não demonstrava ainda a sua idade, mas o Chryseia foi a estrela entre estes vinhos, uma maravilha, um grande vinho em grandes condições.
Estes néctares acompanharam um entrecosto à moda da Floresta, de chorar por mais, um pedido expresso para esta prova.

Chegou o momento... o Barca Velha...

No copo apresentava-se apelativo, e a emoção aumentava. Antes de agitar, a cor límpida e escura era o mote para o que aí vinha. O aroma, ainda antes de agitar, era já notório, apesar de me ter deixado apreensivo uma vez que já se sentia a idade, com o rodar do copo os aromas e o oxigénio que o vinho ia ganhando libertou novos aromas, mais complexos e mais apetecíveis. No sabor, muita complexidade um vinho para estudar para degustar, um prazer enorme, mas o que mais me fascinou foi o final deste vinho que "não acabava" neste trago as sensações foram imensas, o vinho parecia que era imortal, percorria a boca de uma forma única, um veludo na garganta, uma experiência para a vida.



Mas a analogia que queria deixar nesta minha experiência de beber este Barca Velha, é que senti-o como um bebé, acho que alguns pais vão perceber esta sensação, queremos aproveitar todos os momentos, mas no final, achamos que não o aproveitamos como devíamos, "cresceu" rápido demais e perdemos momentos importantes. Achei que o jantar talvez tenha sido apresado demais, talvez pela expectativa que todos tinham, penso que não se aproveitou o crescer deste bebé e os seus momentos. No final acho que não senti o Barca Velha como acho que ele merecia, como eu o queria sentir. Faltou aproveitar todo o seu esplendor com calma tranquilidade, com serenidade.


Quanto à pergunta, o Barca Velha vale o seu preço? A minha resposta é, não sei, bebemos história, o vinho que é marca de Portugal, um grande vinho. Mas não consigo responder... desculpem.


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Ksara - Blanc de LÓbervatoire 2011

No outro dia num restaurante Libanês bebi um vinho local.
Muito interessante, um vinho diferente, mas que se apresentou muito agradável.
A palavra que me ocorreu quando bebi o vinho foi: Curioso.




                        São produzidos vinhos libaneses de qualidade
                        internacional.
                        A beleza das vinhas está à vista.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Quinta de S. José Reserva 2011, Poeira 2010, Pintas Vintage 2011

Magia, é a palavra que me ocorre depois deste jantar e destes vinhos...
Num belo jantar, com óptima companhia os vinhos escolhidos foram: Quinta de S. José Reserva 2011, Poeira 2010 e Pintas Vintage 2011. Os nomes falam por sí, agora saber se os nomes corresponderam à expectativa!

Conversa, umas entradinhas, uns vinhos suaves e para mim uma mini para limpar, foram o aperitivo para o que aí vinha... Magia!

Já sentado à mesa, servimos o Quinta de S. José Reserva 2011, um vinho que classifico como exuberante, cheio, um vinho que tinha tudo em grandes proporções, uma fruta madura de grande qualidade, madeira bem incorporada, um vinho tão aliciante que deixava quem provava com enorme satisfação e bem satisfeito. Uma cor bem marcada, um aroma quente, cheio, onde a fruta casava com a madeira, no sabor a explosão de um vinho completo cheio de vigor muito aliciante, um vinho que vai evoluir muito bem em garrafa.

Depois deste nectar, passámos ao Poeira 2010, a minha classificação para este nectar dos Deuses, é um vinho que alia a potencia à elegancia, um vinho harmonioso e equilibrado. Aqui o enólogo mostra todo o seu potencial, criando, um vinho de elegancia pura, não deixando ficar de lado a potencia de um vinho de alta qualidade. Na cor, mostrou-se bem diferente do anterior, mais terra, uma cor aliciante a meu ver, no aroma, complexidade de um vinho cheio de mistérios por descobrir, o sabor, complexo, um vinho que evoluía com o passar do tempo e da refeição, um sabor cheio de mistérios que nos cativava a cada momento, nos deixava pasmados e com vontade de cada vez o conhecer mais, explorar. Rendidos nem sabíamos o que dizer. Luxo em forma de vinho.

Para acompanhar as sobremesas, Pintas Vintage 2011. Veludo, acho que é a palavra que pode descrever este Porto maravilhoso, um vinho que não tem ponta de adstringência, um vinho de outro mundo que não podiamos crer que depois do que já tinhamos provado ainda podíamos sentir uma emoção vínica deste gabarito, na cor carregada vinha a expectativa, no aroma cheio, complexo, cheio de força estava a preparação para o que iríamos sentir de seguida, um sabor único de um vinho de classe superior.

Que belo jantar!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Douro 2011 - Pingo Doce

Tinha ouvido dizer que o vinho da marca Pingo Doce do Douro, elaborado pelo Anselmo Mendes estava muito bom, para um preço ainda melhor 1.98€.
Por um valor destes decidi arriscar, o risco não era elevado. 

Abri num dia de semana o vinho, a cor límpida era interessante. O aroma era surpreendente, bem marcado, com uma fruta que se adivinhava bastante madura. Na boca, a primeira impressão fica bem marcada na memória, surpreendeu-me muito este primeiro trago, não estava a acreditar, no entanto os próximos mostraram-se, a meu ver, um pouco enjoativos, por ser um vinho com fruta madura bem marcada, fazem com que não seja um vinho para beber muito ou muitos dia seguidos. Mas tenho de dizer que já bebi muitos vinhos bem acima dos 5€ que ficavam muito atrás deste que apenas custa 1.98€, acho que é muito interessante, devem provar, não encher a garrafeira mas ter uma ou duas garrafas, acho que é um vinho que dá prazer e satisfaz os "wine lovers".



sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Fugir

Numa conversa que tive há dias, falávamos de que existe uma tendência para as pessoas beberem vinhos com sabores idênticos (estandardizados) e quando provam algo diferente, à partida rejeitam ou não aceitam essa diferença.
Deixo o apelo para experimentarem vinhos diferentes, vinhos que os façam pensar de novo, que vos provoquem novas sensações.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Matemática vs Poesia

Nos últimos tempos tenho ouvido duas correntes a defender o seu ponto de vista, estou de acordo com uma delas apesar de perceber perfeitamente a outra (sem concordar com ela como critério na escolha de um vinho).

Vou dar, apenas, a minha opinião sobre as 2 correntes:
1 - Uma das correntes defende a pontuação como factor de decisão na escolha do vinho, os vinhos devem ser pontuados por críticos especializados, onde os com melhor pontuação, automaticamente aumentam de preço e são (supostamente) melhor do que os outros:
Ponto forte: Bom barómetro para quem não sabe o que escolher;
Pontos fracos: Factor de inflação; limitação na escolha (não se conhece vinhos que não vão a provas); padronização dos consumos (o gosto do critico passa a ser o gosto do consumidor); normalmente os vinhos mais bem pontuados são os vinhos menos complexos, mais fáceis de provar, entre outros factores.

2 - Vou chamar a esta corrente, poesia, onde apenas é descrito, por quem prova, a sensação que o vinho lhe causou no momento, sem quantificar matematicamente o seu valor.
Ponto Fraco: Para quem decide por esta via, tem de ler a descrição toda para imaginar como será o vinho (demora mais tempo do que ver apenas uma nota); subjectividade;
Pontos Fortes: Leva o vinho a um patamar onde merece estar; o vinho é diferente de pessoa para pessoa e é importante falar sobre ele e ser possível "discutir" com alguém as sensações que provoca fazem parte da degustação; respeito total por quem faz o vinho e pelo vinho;  

No final, estou mais de acordo com a 2ª corrente, apesar de perceber a importância e objetividade para quem gosta e quer ajuda na escolha.

Mesmo na 2ª corrente, acho que deve haver bom senso, confesso que muitas vezes leio descrições que não percebo nada. Gosto mais de ler e saber quais as sensações, a história a experiência de quem bebeu um vinho, quando quase o posso sentir também. (Com consciência de muitos factores que podem influenciar essa opinião, como por exemplo, a temperatura a que o vinho é servido, até mesmo o copo, o que se come, com quem se está, outra das conversas que tive e cheguei à conclusão que era verdade, como a mesa está posta, se jantamos em pé ou calmamente sentados, são alguns dos pontos subjectivos que alteram a experiência de degustar/beber um vinho).


Andamos formatados pelos rótulos e pelos críticos. Deixo aqui o desafio: provem, experimentem, não bebam só o que está na moda, nem se deixem influenciar pelas opiniões dos "famosos críticos", vão ver que existem muitas e boas surpresas por descobrir.


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

QB - Prova, que prova...

Mais uma prova muito interessante organizada pela Quinta do Barão. A fotografia abaixo já deixa saudades.
Num grupo reduzido provámos, conversámos e partilhamos as nossas ideias de uma forma muito descontraída. O local escolhido foi o Magano em Campo de Ourique que nos serviu de forma exemplar, petiscos de chorar por mais, que nos ajudaram a tirar o melhor partido dos vinhos.

Começamos com o Riesling que não estava ao nível do que vinha a seguir. De seguida o novo Conceito Branco, que delicia, um vinho potente e ao mesmo tempo elegante, um branco que vai dar que falar, gostei muito. Na mesa a opinião era consensual.

Passámos aos tintos, com uma Magnum do, também novo (amostra de casco, ainda não está no mercado), Quinta de São José Colheita 2011, um vinho muito bem feito, ainda um pouco fechado, mas o potencial está patente, a não perder.

Depois, o novo Quinta do Passadouro Reserva 2010, eu sou um fã incondicional dos néctares do Passadouro, para alguns ainda estava muito fechado, para mim este vinho é maravilhoso, um vinho á minha imagem, muito complexo um vinho cheio de mistério, talvez merecesse um solo em vez de estar no meio de uma prova.

A seguir veio um vinho que foi unânime, Quinta de São José Grande Reserva 2011, que vinho, um aroma aliciante e um sabor impressionante, muito cativante e com um final bastante persistente, uma surpresa que a todos conquistou. Já pronto a beber, mas também evidência potencial de guarda, onde a surpresa ainda pode ser maior.

No final um Porto para terminar em beleza, e que beleza…  um Dow´s Vintage 2011, se estava com assim em 2011 o que será daqui a 10, 20 ou 30 anos?


terça-feira, 10 de setembro de 2013

O vinho e a ocasião

A ocasião faz com que o vinho que achamos banal seja uma grande companhia.
Como neste caso, num dia de calor, um vinho verde a jarro numa malga fresca, a acompanhar uns lombinhos à bulhão pato, foi a melhor companhia possível. Claro que se quisesse degustar um vinho não seria este o vinho que escolhia, mas neste caso posso dizer que não via outro que fizesse melhor figura.
Muitas vezes ouvimos as pessoas a dizer: “este vinho é mau aquele é bom”. Estamos a desrespeitar o vinho e quem o fez, há “vinhos de piscina” (como disse alguém de quem tenho grande consideração e respeito) e há vinhos gastronómicos mais evoluídos. Mas há espaço para todos, basta saber escolhe-los no enquadramento certo.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

DOURO: Onde ficar?

No final de Maio fiz uma viagem de sonho... ao Douro!
Com uma magnifica organização da Quinta do Barão (obrigado Mário e Rita), o tempo foi aproveitado da melhor forma deixando-nos a constante vontade de voltar.

Não podia começar a contar a história deste magnifico fim-de-semana sem falar da Quinta da Pacheca, local onde nos receberam de braços abertos e nos fizeram sentir como em casa.
Uma Quinta de visita obrigatória, onde a resposta a uma pergunta muito pertinente de, "onde ficar hospedado no Douro?" se torna fácil, Quinta da Pacheca sem qualquer dúvida, pelo alojamento, pela quinta, pelas visitas, pela paisagem e claro, pelos vinhos...


A chegada foi tardia, mas a simpática recepção e a confortável harmonia do espaço foram revitalizantes.

Além da hospitalidade e conforto da Quinta, podemos também contar com o apoio na marcação de visitas a outras quintas, passeios de barco ou de comboio, restaurantes, entre outros pontos importantes para quem visita o Douro, e se depara com uma escolha muito ampla.

Paragem obrigatória, uma visita guiada na Quinta da Pacheca.

Sabia que era famosa e talvez a mais visitada no Douro e ao longo da visita fui percebendo porquê...
Num ambiente muito acolhedor, com uma guia fascinada pelo seu trabalho, pela Quinta e pelo Vinho, com facilidade nos fez apaixonar pela história desta propriedade, e percorrer os seus caminhos com outros olhos.



No final o que esperávamos: a prova! Muito diversificada, cativante e reveladora, e o vinho...



Começámos a prova com uma boa surpresa, um Branco com uma frescura agradável de citrinos no seu aroma, fazia-nos esperar um sabor a frutos e algo doce, mas a surpresa foi quando no sabor se revelou um vinho perfeito na sua acidez e apesar de sentir a fruta era um vinho seco (como eu gosto nos Brancos), que maravilha, claro que não resisti e o trouxe para casa...

Depois o Rosé, um óptimo vinho, também seco e robusto, elaborado e adulto, aconselho.

De seguida provamos o premiado Touriga Nacional, um vinho apelativo, sedoso e robusto. Acho que é um vinho fácil de agradar, isso viu-se pelo sorriso das pessoas que o provaram.

Continuamos a prova e bebemos agora o meu preferido, a revelação, o Quinta da Pacheca Vinhas Velhas 2011, que belo vinho, um vinho que me pareceu o espelho desta Quinta, provavelmente o ex-libris dos donos e do enólogo, um vinho complexo, um vinho com história, um vinho muito gastronómico que nos pedia um prato à altura, um vinho resultado este "terroir" do Douro e especialmente desta Quinta, trouxe para casa e vou comprar mais, uma presença obrigatória na minha garrafeira, quero ver e sentir a evolução deste vinho a cada ano que passa, parece-me ser um vinho com uma boa longevidade.
Parabéns à Quinta da Pacheca!



segunda-feira, 1 de julho de 2013

Garrafeiras

Comprar vinho, para um apreciador, faz parte do processo de degustação.
Esta frase parece estranha, mas vou explicar o que quis dizer com isto. Quantas vezes já entrei numa garrafeira com uma lista de vinhos que procurava e saí da garrafeira com outros completamente diferentes. Em casa quando os provei, a minha vontade era agradecer a grande ajuda que me deram.

Uma boa garrafeira e um bom funcionário, são grandes aliados, funcionam como consultores, para quem conhece e para quem não conhece vinhos.

Estamos a passar momentos difíceis e as garrafeiras também, deixo o forte apelo, para que não fiquemos sem este serviço que tanto preso, para visitarem as nossas boas garrafeiras e se deixarem guiar pelos aconselhamentos das pessoas que lá trabalham, para conhecerem novos vinhos, para beber Portugal.

As garrafeiras onde me senti mais acompanhado na escolha das variadas marcas que temos no nosso país foram, a Garrafeira Internacional (Rua da Escola Politécnica), Garrafeira Nacional (Baixa) e a Garrafeira da Luz (Estrada da Luz).

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Alguns mitos sobre vinhos... (parte 3)


Continuando...

·     Os pratos de peixe devem ser só acompanhado por vinho branco? R: FALSO.

Nem sempre. Em muitos pratos, mais elaborados, o tinto leve fica muito bem. Por exemplo, um salmão envolvido em massa folhada, é um prato um prato suficientemente "gordo" para aguentar um tinto leve, ou mesmo um prato de bacalhau.

·     Quando utilizo vinho na confeção de um prato devo utilizar vinho de qualidade? R: VERDADEIRO.

 Nestes casos o ideal seria utilizar o mesmo vinho que vai ser servido à refeição, algo que nos tempos que correm (e não só) é difícil, beber um bom vinho já é um luxo, quanto mais usa-lo para cozinhar. Acho que aqui podemos fugir ao ótimo e ficar por beber o bom vinho à refeição.

·     Devo guardar o vinho a temperaturas baixas? R: DEPENDE

O local ideal para armazenar vinho seria um local fresco e tão húmido que a água escorreria pelas paredes. Mas segundo a minha pouca experiencia, já é suficiente guardar o vinho onde o mesmo não sofra de oscilações de temperatura, é este fenómeno que estraga o vinho. Até pode ser um local não muito fresco, desde que a temperatura seja estável.
Se tiverem possibilidade de escolher, eu deixaria num local, fresco, húmido e escuro.


Deixo-vos com uma definição que acho muito elucidativa sobre a "degustação" de vinho:

"Degustar permite-nos aproveitar o vinho em toda a sua plenitude. Degustar um vinho é, nas palavras de Emile Peynaud, um dos maiores enólogos da França, submetê-lo aos  nossos sentidos, analisando-o atentamente. Diz-se também que degustar é como tocar um instrumento: saber ler as notas é útil, mas nada substitui a prática. Concluindo, degustar é beber com atenção e todos deveriam aprender a fazê-lo!"

E o ideal será degustar na companhia de amigos, além de ser muito mais agradável a troca de ideias e opiniões, é também muito positiva.

Boas degustações...




quinta-feira, 23 de maio de 2013

Alguns mitos sobre vinhos... (parte 2)

Como prometido, venho desvendar mais alguns mitos...

·         Quais os vinhos que devemos decantar? Só os mais velhos? R: FALSO.
Uma vez que os vinhos mais jovens apresentam, ainda, elevados níveis de acidez, dado anão terem tido tempo suficiente para amadurecer, leva a que precisem de "respirar", para isso decantar o vinho jovem durante uma ou duas horas vai trazer muita qualidade a este tipo de vinho. Quanto ao vinho "velho", o decantar deve ser feito apenas cerca de trinta minutos antes de o beber, mas atenção que este processo em vinhos que já estão a ficar "passados" ou velhos demais poderá estragar o vinho com o excesso de oxidação.

·         Devo servir o vinho tinto à temperatura ambiente? R: FALSO.
A temperatura ambiente, normalmente, é superior à temperatura ideal para degustar vinho, nunca temos a casa a 15º, passaríamos frio terrível. Antigamente o vinho era guardado em caves onde a temperatura rondava os 9º e por isso era importante o vinho ficar à temperatura ambiente, ou seja, ganhar alguma temperatura antes de o beber.
É recomendado beber vinho tinto a temperaturas entre os 15 e 19 graus, desta forma é possível uma adequada libertação de aromas e no sabor é possível descobrir todas as potencialidades do vinho, que quando bebido acima das temperaturas indicadas o que sentimos é apenas o álcool.
Deixo uma nota - não há qualquer problema em colocar cerca de 1h o vinho tinto no frigorifico antes de o beber, principalmente no verão.

·         Deve-se agitar o copo? Porquê? R: VERDADEIRO.
O vinho agita-se para ajudar a oxigenar, contribuindo para a libertação dos aromas, ajuda também a avaliar a intensidade (fraca, média ou pronunciada), o grau de evolução (jovem, velho, cansado, oxidado) e o caráter do vinho (por exemplo, frutado, floral, vegetal). É também feito para observar a chamada "lágrima" que são as gotas que escorrem pelo copo, que nos indicam a densidade do vinho, bem como o grau alcoólico (quanto mais juntas estiverem estas "lágrimas", mais grau alcoólico tem o vinho).


Espero que seja uma boa ajuda, voltarei em breve com novos mitos revelados.

nota: estas perguntas e respostas foram feitas por mim. Desta forma poderão ter alguns erros, é apenas a minha forma de ver o vinho. (algumas baseadas em informações de pessoas com quem vou aprendendo)

terça-feira, 21 de maio de 2013

Alguns mitos sobre vinhos... (parte 1)


Aqui deixo alguns esclarecimentos que podem ajudar...
  • O vinho Branco só é produzido com uvas Brancas? R: FALSO
Pode ser produzido também com uvas pretas, dado ser a pele (película) que dá a cor ao vinho. Usando só a polpa da uva tinta, o resultado será vinho branco. exemplo: o alentejano "Invisivel"

  •  O que é o vinho verde?
Não é um tipo de vinho é uma região onde o vinho é produzido, noroeste do país (Entre Douro e Minho). Exemplo: Soalheiro

  • O rosé é uma mistura entre uvas Brancas e tintas? R: FALSO
O Rosé é feito apenas com uvas tintas. A sua produção implica o pouco contacto com a película da uva, desta forma a cor é pouco carregada. Exemplo: Roma Pereira Rosé


Amanhã desvendaremos outros mitos sobre o mundo maravilhoso do vinho.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Rosé Roma Pereira 2010

O sol começa a aparecer e os espíritos animam-se, ainda está tempo para apreciar um bom tinto com corpo e envolvente, mas o chamamento dos Brancos, Verdes e Rosés começa a ser evidente.
Uma sexta-feira depois de uma semana intensa, cheia de preocupações ou já no fim de semana a acompanhar um belo almoço, abrir um Verde ou um Rosé fresquinho, o arrepio de prazer é um dado adquirido. São vinhos que nos acompanham  nas "entradinhas" e nos preparam para a refeição.
Já tenho água na boca e começo a fazer planos para este fim se semana...
O Branco, hoje encontramos maravilhosos, acompanha uma refeição leve, ou mesmo um tinto suave.
Vim apenas dar as boas vindas ao SOL e abrir minha época para estes néctares.
Deixo aqui uma sugestão, um Rosé feito com classe, fresco, leve, bem trabalhado, onde a fruta se sente muito presente. Um Rosé seco para apreciar nos próximos tempos. Rosé Roma Pereira 2010.
Bons vinhos.

segunda-feira, 4 de março de 2013

RP 2007 e Roma Pereira 2006

Este fim de semana provei as duas gamas de Roma Pereira, e que bem que me soube...

São vinhos feitos com paixão, feitos por alguém que gosta do que faz, isso sente-se na prova. Uvas selecionadas com cuidado, numa vindima feita à mão, com pisa a pé.
Nascem de um projeto minimalista em termos de área, mas "maximalista" em termos de dedicação.
Numa Quinta (Horta de Chaves) de uma família de tradições é já feito vinho desde o Sec. XVIII.

As castas deste nectar são Syrah, Aragonês, Alicante Buschet, Piriquita, Castelão e com uns toques de Alfrocheiro Preto para lhe dar um toque de "pimenta". Que bela junção. E com a enologia e dedicação do enólogo Pedro Baptista estão criados todos os ingredientes para o sucesso.

Começamos pelo RP 2007, gama de entrada, uma cor límpida mas pouco carregada (fazendo lembrar um Pinot Noir), deixou-me apreensivo, pensei que poderia ser um pouco aguado. O Aroma foi-me tirando este medo, era muito agradável, fazendo lembrar frutos vermelhos e compota, chegou o momento da verdade a prova: bastante melhor de que se espera quando vemos a cor pouco marcada, um tinto delicado, muito elegante, um vinho bem feito a pedir para ser bebido.

Depois desta garrafa tão apetitosa, passámos á fase seguinte: Roma Pereira 2006. Humm que maravilha...
Um vinho diferente do que estamos habituados, mas uma surpresa que não deixa indiferente a quem o bebe.
A cor bem definida ainda que não muito carregada, mas numa cor que não evidenciava o seu ano 2006. A magia começava-se a adivinhar depois de conhecer o aroma, que se apresentava cativante cheio de pormenores dignos de um trabalho feito com tanto carinho, as notas de especiarias, com chocolate no meio de uma madeira que se sente de qualidade superior, deixavam-nos com água na boca para perceber se o sabor acompanhava esta emoção. O primeiro trago, percebemos logo que ali estava poesia, apesar de alguns de nós ainda estarem habituados á subtileza do RP, este Roma Pereira foi-nos conquistando, trago após trago, copo atrás copo. Uma maravilha, um vinho onde os sabores se vão fundindo, misturando, voando na nossa boca como se estivéssemos num baile encantado. Agora só tínhamos um pequeno problema... a garrafa acabou.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Restaurante Hemingway com Pintas Character 2010

Hoje vou escrever de forma diferente, apesar de falar de um vinho de sonho, vou também falar-vos de um restaurante maravilhoso que aconselho vivamente, a quem goste de boa comida, uma grande seleção de vinhos a preços acessíveis e de ser bem tratado. O seu nome é Hemingway, na Marina de Cascais.

Já andava há bastante tempo com este restaurante "fisgado", mas com a agenda sempre cheia, com os filhos e com o aperto desta crise que nos assola a todos, ainda não tinha tido oportunidade de desfrutar de uma refeição a dois, tranquila e revitalizante. Só de me estar a lembrar estou com água na boca... foi mesmo muito bom.

Por não conhecer o restaurante, fiz que tenho feito nas poucas vezes que consigo ir jantar fora, quando marquei a mesa perguntei qual a taxa de rolha para poder levar a minha garrafa, a resposta foi o começo de uma relação que vai durar muito, simpaticamente, disseram-me que podia levar a garrafa sem qualquer custo, claro, desde que fossem avisados previamente desta decisão.
Sendo assim levei uma estupenda garrafa de Pintas Character 2010, que antes tentei colocar à temperatura correcta, deixei cerca de uma hora no frigorifico. Digo-vos que quando cheguei ao restaurante, com a grande ajuda e simpatia do sommelier e dono do restaurante (espero não me estar a enganar), ainda baixamos um pouco mais até aos 17º, foi com esta temperatura que a "magia" aconteceu.

Mas agora vamos começar a história pelo início, com entrada no restaurante. Há entrada fomos muito bem recebidos, mais uma vez espero não me estar a enganar, pela dona do restaurante, que amávelmente nos encaminhou para a mesa  previamente reservada, uma mesa muito bem localizada, com uma óptima privacidade onde nos sentimos logo bastante confortáveis. A garrafa foi entregue.

Perguntou-nos se desejávamos tomar algum aperitivo para o inicio da refeição, no momento apeteceu-nos começar por uma flute de cerveja, é sempre bom para abrir e refrescar-nos naquele ambiente tão acolhedor.
Depois foi-nos entregue a lista, que estudamos com a máxima atenção, o difícil era escolher. Tivemos no momento da decisão a preciosa ajuda da senhora que nos recebeu, que nos ajudou neste momento difícil.
Pedimos, então, uma sopa de peixe com coentros e cherne laminado (se não me engano), um Bife Tártaro e uma Posta Mirandeza com mesclum de batata, com molhos chimichurri e diablo.

Entretanto o vinho foi aberto e começamos a sentir um prazer imenso com a complexidade deste vinho, estava divinal. As conversas que íamos travando com o sommelier que nos ia ajudando e ensinando eram muito agradáveis e a sua simpatia era ímpar. Enquanto bebíamos este néctar fui dando uma vista de olhos na deliciosa carta de vinhos, uma escolha cuidada, com preços acessíveis onde quase não compensa levar garrafa. Devo dizer que deve ser muito interessante ir a este restaurante e ser aconselhado para o vinho correcto para a refeição que escolhermos, tenho a certeza que correria muito bem.

Antes de chegar a sopa, serviram-nos amávelmente (acho que é prática da casa), um pequeno "acepipe", não sei bem explicar o que era (explicaram-me muito bem quando o serviram), mas se não me engano, era um tempura de atum com ervilhas que era de chorar por mais, tão bom que parecia mentira. Inesperado e muito agradável.
Depois chega a sopa, onde os pratos tinha já preparados o peixe, os coentros e camarão e a sopa bem quente num bule, enquanto era vertida fazia o seu trabalho sobre o peixe, adorámos esta sopa. 

Íamos ao mesmo tempo degustando o néctar que ia abrindo as suas qualidades estavam cada vez mais expostas para nosso contentamento, o vinho estava a acompanhar bem esta refeição, muito bem mesmo.

Enquanto nós conversávamos, tão bom, íamos também de vez enquando conversando com o sommelier, até que ele achou que o vinho poderia ganhar ainda mais decantado, o que fez de imediato, o vinho agradeceu e eu também.

Os pratos principais chegaram, depois de devidamente apresentados (tem muita graça esta forma de servir hoje em dia), começamos a degustar este manjar digno dos Deuses, que maravilha. O vinho, tal como eu, deva graças por o que estava a acontecer, uma sinfonia entre a comida e a bebida, onde não podemos deixar de mencionar o ambiente perfeito.

Depois deste repasto, onde entretanto a garrafa se mostrou pequena, era hora da sobremesa, mais uma simpatia da parte deste amável restaurante, foi-nos oferecido um Porto Vintage (não me lembro o ano), se não me engano Grahams, que ligou com a sobremesa ás mil maravilhas, um bolo de chocolate e caramelo com gelado de morango, acho que nem preciso de descrever mais...

Um jantar que vai ficar nas nossas memórias durante muito tempo, onde se fundiu um local maravilhoso onde fomos tratados como reis com um vinho dos deuses.





quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Vinhos com triple B (Bons, Bonitos e Baratos) - Vinhos para a crise

Este ano deverá ser um ano difícil para a maioria de nós, por isso venho deixar algumas sugestões de vinhos a preços mais convidativos e que se conseguem comprar em qualquer lugar.

Menos que 5 Euros:
  • RP (Roma Pereira)
  • Porta de Cavaleiros (Dão)
  • Loios (Alentejo)
  • Altano (Douro)
  • Reguengos Reserva (Alentejo)
  • Herdade de S. Miguel (Alentejo)
  • Solar dos Lobos Colheita Selecionada (Alentejo)
  • Mina Velha (Lisboa)
  • Quinta dos Termos (Beira Interior)
Menos que 10 Euros:
  • Montes Claros (Borba) (Alentejo)
  • Contraste (Douro)
  • Odisseia (Douro)

Aqui envio alguns vinhos que me lembrei e que podem ser uma boa companhia para este ano.

Vou actualizando este post com novas sugestões.

Espero que seja útil e que não vos desiluda.

Abraços

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Passagem de Ano - Conceito 2005 / Roma Pereira 2006 / Reguengos Reserva 2003

Um grande ano a todos...

Tenho de vos contar as belíssimas surpresas que tive com os vinhos que bebi nesta passagem do ano.
Tinha guardada uma garrafa de Conceito 2005 e estava apreensivo, estaria em condições?
Outro vinho que não contava ter nesta data, que gentilmente me foi oferecido por um grande amigo, Roma Pereira 2006.
Para terminar, Reguengos Reserva 2003, seria bebível?

Depois de abrir com um Bordéus Branco, muito doce a meu ver, mas não deixava de ser extremamente apelativo. O Conceito foi suavemente decantado, com uma temperatura controlada, estava pronto a ser testado. Estaria em condições? Guardado em casa numa garrafeira rústica onde as oscilações de temperatura vão ocorrendo sem haver nada a fazer para o evitar. Mas a cor prometia um vinho cheio de vigor ainda no seu auge, carregada e límpida, a água na boca ia crescendo, o aroma mineral mas ainda austero deixava-me de novo apreensivo, mas na boca a harmonia acontecia, era como se estivéssemos a beber uma sinfonia de Bach, um vinho épico para fechar um ano tão díficil e abrir outro que se espera não ser mais fácil.

Depois, Roma Pereira 2006, tinha uma grande responsabilidade, não nos deixar ficar desiludidos depois do néctar que bebemos anteriormente, não deixou, muito aveludado com a madeira de grande qualidade presente de forma muito subtil e uma fruta tão apelativa que fez com que a garrafa não estivesse muito tempo cheia. Aguardo o Roma Pereira 2008, ouvi dizer que deverá ainda estar melhor.

Para finalizar os tintos, Reguengos Reserva 2003, estava com receio que este vinho não aguentasse tanto tempo em garrafa, mas digo-vos, aguentou e estava muito bom, para mim não ao nível dos dois primeiros, mas muito apelativo, parecia um vinho novo, sem sinais de envelhecimento, muito bom.

Belos exemplares para acabar o ano.

Brindámos o novo ano com um Teixeiró Sparkling, um espumante muito agradável, mesmo para quem não é um grande apreciador do estilo.


 
Boas surpresas para iniciar em força para um novo ano.