segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Quinta do Pessegueiro 2010

Uma das melhores pomadas dos ultimos tempos...

Este vinho começa a ganhar pontos mesmo antes de abrir a garrafa. A garrafa é muito gira, diferente, muito elegante e o rótulo muito sóbrio. Olhar para esta garrafa deixa-nos logo apreensivos para a provar.

Abri esta garrafa para um jantar que esperava ser de 4 pessoas, mas no final foi de apenas 2.
Bebemos com duas pizzas caseiras, parece que não é a ementa mais correcta para este vinho, mas digo-vos que são as melhores pizzas de todo o planeta e talvez mais além... maravilhosas, ligaram muito bem.

Quinta do Pessegueiro  ' Douro ' Tinto  2010Abri a garrafa e o aroma que vinha da rolha prometia algo épico. Quando coloquei o vinho nos copos a sua cor, muito purpura e carregada, era um tónico para o que aí vinha, o aroma era surpreendentemente maravilhoso, muito mineral, mentolado a lembrar terra molhada, os pontos iam somando e a responsabilidade para a prova já era grande para este néctar. Estavamos na espectativa, se o vinho ia manter tudo o que prometia... a resposta foi... não manteve, mas superou.
Na boca o vinho era harmonioso, completo, perfeito. Um vinho muito fresco e ao mesmo tempo poderoso, com uma classe única, parecia que nos pedia "prova-me novamente", o que faziamos até quase ao fim da garrafa.

Um dos melhores vinhos (pelo menos que me soube melhor) dos últimos tempos.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Prova improvisada - Quinta do Barão VV; Manoella 2010; Pintas Character 2010; Aneto Grande Reserva 2009

Estamos num momento da nossa história difícil, medidas de austeridade fortes, intervenções da Troika e tumultos sociais. Com tudo isto, contenção em tudo o que fazemos.
Daqui a uns anos os nossos netos vão estudar esta época na escola. Mas de vez em quando conseguimos desligar destas preocupações, com almoços ou jantares inesquecíveis, e, principalmente, quando o vinho é uma obra de arte líquida que nos deixa os sentidos focados apenas nessa sensação. Alguns de vós estão a sorrir a concordar com o que escrevo, é mesmo verdade, não é?

Um dos jantares em que aconteceu este fenómeno foi no outro dia, num jantar de anos, improvisámos uma pequena prova de vinhos do Douro.

Começamos nas entradas uns queijinhos e uns camarões al ajillo maravilhosos, com um Vinhas Velhas, sem rótulo da Quinta do Barão. Um vinho que surpreendeu logo quem não o conhecia, um puro Douro elegante com taninos bem presentes e equilibrados, muito jovem e cheio de fulgor, a meu ver, parece que ainda aguenta mais tempo em garrafa. Estava indicado para acompanhar estas entradinhas.

Ainda nas entradas abrimos a segunda garrafa, Manoella 2010, foi notório o acréscimo de qualidade, um vinho já mais preparado, muito aromático, sedoso, com taninos discretos e com uma estrutura bem definida, todos tinham gostado do primeiro vinho e não esperavam este acréscimo, um vinho onde a rendição de todos os presentes foi visível. Entrámos no jantar, uma bela carne de porco divinalmente temperada com arroz bem solto e diversos tipos de salada a acompanhar, com o qual o vinho que tão bem casou.

O entusiasmo á volta desta prova inesperada crescia...

Quando passámos ao vinho seguinte já poucos acreditavam que as coisas podiam ainda melhorar. Mas melhoraram.
Pintas Character 2010, que vinho! Tudo o que é preciso estava lá. Um vinho com acidez no ponto, muito fumado, a fazer lembrar terra molhada, aromático, intenso com um final longo e aveludado, é um vinho que parece que podemos engolir duas vezes, porque fica tão presente o final que podemos engolir sem vinho na boca que ainda o sentimos. Que maravilha, para muitos o melhor da noite.

Para finalizar em beleza (Aneto Grande Reserva 2009), um vinho que em tempos me tinha surpreendido tanto que colocou a  expectativa em alta, talvez por isso me tenha desiludido um pouco, a qualidade estava lá, um grande vinho que me soube muitíssimo bem, mas por estar á espera de ficar, novamente, boquiaberto, tenha contribuído para que o impacto não tenha sido tão grande, acho que este vinho pede um prato mais elaborado e forte, dado ter sido isso que me deixou estonteado da última vez que o bebi, o prato era mais suave então o vinho não sobressaiu como eu esperava. O vinho é de cor forte e escura, um aroma floral e potente, um vinho poderoso mas sem deixar de ser elegante, com um final longo a deixar-nos sonhar. Não deixei de o adorar, apesar de não ter deixado o impacto que antes me fez sonhar com ele até o provar de novo.

Mas o que esta prova fez foi que me deixou com a obrigação de o provar novamente para tirar teimas.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Herdade do Gamito Reserva 2007

Já não escrevia no Blog há bastante tempo, andava pouco inspirado, apesar te ter bebido bastantes e bons vinhos.

Mas há tempos bebi algo que quero partilhar. Um vinho proveniente de uma quinta de um tio (Herdade do Gamito), que apesar de ser um vinho da família, vou falar sem me sentir influenciado por esse facto, porque o vinho mereceu.

O néctar foi Herdade do Gamito Reserva 2007 (a 1ª Reserva e única até hoje a merecer essa distinção), um sucesso.
O vinho estava divinal, mesmo no ponto para ser bebido. Um aroma intenso e atractivo e com o sabor a sobrepor-se ao aroma e a levar a prova a outro patamar.
Um vinho com classe, muito bem feito, pena a garrafa ter só 0.75 L, é nestes momentos que o que falta para o Litro faz mesmo falta.
Sabe muito bem abrir uma garrafa e ter uma surpresa tão agradável. Estava à espera de beber um vinho superior, mas este conseguiu-me surpreender, já o tinha bebido em anos anteriores, sempre muito bom, mas é agora que ele chama por nós.

Quem estra neste mundo dos vinhos vai tendo surpresas que nos enchem de alegria e nos dão vontade de conhecer mais e levar os nossos sentidos a novos patamares.

Tio! Muitos parabéns. Aguardamos ansiosamente uma colheita que mereça, novamente, a distinção de Reserva.




quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Prova - Quinta do Barão

Um almoço muito agradável e com vinho dos Deuses.
Almoço na Floresta do Salitre (onde somos sempre muito bem recebidos pelo Sr. Joaquim), o anfitrião foi a Quinta do Barão (Mário Fonseca) que nos proporcionou uma refeição inesquecível.
O grupo que se juntou para este almoço era muito simpático o que tornou esta prova ainda mais agradável.

O almoço começa com umas Lulas maravilhosas... e o primeiro néctar é servido, Quinta do Passadouro Touriga Nacional ainda sem rótulo, uma estreia, um vinho envolvente que não deixou ninguém indiferente, ligava muito bem com a comida que estava confeccionada na perfeição, ainda com as Lulas, provamos outro sonho Dona Berta Reserva 2009, um vinho muito diferente do anterior, o que se notou pelas diferentes opiniões dos convidados, uns adoraram a sua acidez e taninos marcados, sentia-se notas fumadas e aromáticas, outros preferiram o anterior um vinho mais redondo, mais pronto. Eu adorei os dois, talvez neste caso tenha preferido o Dona Berta, é um vinho que tem mais para nos mostrar é mais complexo.

Mas o auge estava para chegar, o novo prato foi servido, umas espectaculares salsichas enroladas em couve lombarda com um molho óptimo e uma batatinhas fritas caseiras. Chegou com o vinho que se seguiu, Aneto Grande Reserva 2009, este vinho é daqueles que como alguns dizem tem de se beber de joelhos, que maravilha. Um vinho poderoso e ao mesmo tempo elegante. Quando foi servido só de olhar para a cor, foi como o tivesse provado, o aroma era intenso, apetecível, memorável e mais... foi no primeiro trago que a harmonia deste conjunto se mostrou no seu auge e a qualidade superior se mostrou. Inesquecível, maravilhoso tenho de voltar a beber.

No final, quando pensava que tinha acabado, eis se não quando aparece um vinho Branco Luso-Neozelandês, um vinho da Nova Zelândia feito por uma portuguesa (Conceito), Rita Marques. Um Sauvignon Blanc muito bem feito, aromático, fumado, com travo de frutos, mas sem perder a acidez que gosto nos vinhos Brancos. Um vinho branco diferente do que estamos habituados mas que me conquistou por completo.

No final, um grande almoço, com grande vinho.

                                                    

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

De novo o Telhas 2008 - Terras de Alter

Depois de ouvir a explicação do 1º Ministro sobre as medidas de austeridade que nos vão ser aplicadas, era altura de jantar. Decidi que neste dia já não via nem ouvia mais noticias.
E para tentar passar um bom momento tinha a garrafa ideal, o Telhas 2008 de Terra d´Alter.

A garrafa estava na temperatura certa, os copos escolhidos deixavam o vinho "abrir" e "respirar" de forma inequívoca. Os dados estavam lançados para que esta degustação fosse um sucesso.

Depois do vinho aberto servi os dois copos, pouco, para não aquecer muito e para que o vinho pudesse receber o ar que tanto precisa para que todos os aromas e sabores se soltem.

A cor carregada e límpida mostrava-nos que o vinho prometia.
O aroma liberto pelo rodar do copo vagueava pela casa, era tão intenso e cativante que nem era necessário colocar o nariz dentro do copo para sentir um aroma que apetecia começar de imediato ás dentadas a este vinho maravilhoso.
O sabor, por difícil que pareça, não fica atrás deste perfume, um vinho que se mastiga, que chama por nós para que continuemos a descobrir tudo o que tem por desvendar, e é muito.

O vinho acompanhou-nos durante o jantar, onde os sabores se iam fundindo com a imponência de um vinho que apesar de ser muito apetitoso e aveludado, não é , como muitos, enjoativo, é daqueles que daria para beber todos os dias (quem me dera!).
Com uma companhia destas e com o final do jantar, não quisemos despedirmo-nos logo, por isso, levámos a garrafa para a sala e continuamos, calmamente, a degustar o vinho, agora na companhia de uma serie de televisão que adoramos (claro, deixamos a austeridade por um dia).

Assim, passámos uma noite agradável e deixamos os problemas de lado, para isto agradeço a Terras de Alter por ter feito este vinho maravilhoso (TELHAS), não consigo deixar de ser um grande fã.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Acabaram as férias

As férias acabaram, muitos néctares foram bebidos, talvez não tantos quanto gostaria...

Bebi todo o tipo de vinhos, uns para esquecer, outros que não ficaram na memória e alguns que me deixaram boas recordações.

Vou deixar aqui alguns dos destaques mais positivos das minhas provas nestas férias:
- Rosés, realço Comenda Grande;
- Brancos, Dona Matilde
- Verdes, Soalheiro e Quinta do Ermízio
- Tintos, Montes Claros Reserva 2009, Quinta do Couquinho Colheita 2009 e Maquia 2009

Estes foram alguns dos vinhos que mais me marcaram estas férias sendo que se tivesse de escolher o que mais gostei, escolheria o Maquia, estava perfeito.

Conto com um novo ano (lectivo) de boas surpresas e que em breve tenha novidades para vos tentar passar.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Dona Berta Reserva 2006 e Roma Pereira 2006

Bebi dois belos vinhos no outro dia, num jantar muito agradável com grandes amigos, onde o vinho mesmo que não seja maravilhoso nos parece muito melhor (não foi este o caso).
Começamos por abrir um Verde Branco (Quinta do Hermízio), muito bom, um vinho que surpreende quem o bebe pela primeira vez, cuidado Soalheiro...

Para o jantar abrimos primeiro um vinho ao qual estou totalmente rendido, Dona Berta Reserva 2006 tinto, um vinho muito bem feito, com uma identidade própria. Estava perfeito, gostei muito. Todos o elogiaram. Um vinho que ia ganhando força e volume com cada trago.

Depois, não ficamos atrás passamos para um Roma Pereira 2006, que se revelou estar no ponto, um vinho bebido na altura certa, onde o difícil foi deixar de encher o copo, um vinho muito apetecível, feito por quem tem paixão por vinho e por quem quer fazer algo bem feito, são vinhos destes que são precisos em Portugal, um vinho feito com carinho e paixão. Parabéns. Estou com expectativa de provar o 2008, parece que está em grande.

Estamos em pleno Verão e chega a hora de nos deixarmos levar pelos Verdes, Brancos e Rosés da nossa terra, há muito por explorar e prazeres por descobrir.

Boas férias e bons vinhos.
Salvador

terça-feira, 10 de julho de 2012

Chateav - Smith Havt Lafitte 2006

Tive um convite maravilhoso, fiquei muito lisonjeado, fui convidado para um jantar onde o propósito era provar um néctar dos deuses, não estou a exagerar porque realmente o vinho era divinal e tenho a certeza que vai ser difícil provar de novo algo tão maravilhoso. Deixo aqui, mais uma vez, o enorme obrigado, uma vez que a garrafa estava a ser guardada para ser bebida com alguém que a apreciasse realmente. Devo dizer que acertaram então.

Começando pelo fim, a descrição deste vinho para mim é: um vinho que não acaba. Agora vou contar a história.
O vinho foi servido um pouco antes do jantar, quis dar-lhe algum tempo, por isso fui sentindo apenas o seu aroma, que me ia deixando inquieto e cheio de expectativa. Passado uns minutos, finalmente provei e a magia começou, a sensação foi indescritível, os sabores que percorriam a minha boca eram inexplicáveis, um vinho tão diferente do que estou habituado, ao mesmo tempo tão completo tão verdadeiro, parece-me ser esta a palavra, um vinho verdadeiro sem capas e sem manobras de diversão.

Começou o jantar, que potenciou o que achei impossível, é verdade o vinho ficou melhor ainda e cada trago era uma surpresa, era um vinho que se envolvia e espalhava na boca, percorria com suavidade todos os pontos fulcrais do paladar e o cérebro recebia estas mensagens devolvendo a perplexidade do que estava a acontecer. 

O vinho parecia explodir quando bebíamos e o seu sabor ficava longo, não acabava. Quando cheguei a casa ainda sentia o sabor do vinho, era único, uma experiência maravilhosa. Onde o vinho a comida e a companhia se fundiram numa noite inesquecível.

Este vinho teve 100 pontos dados pelo famoso opinion maker Robert Parker, confesso que não sou grande fã, não sei como estas notas são dadas e acho um desrespeito para com os outros vinhos, será uma conversa para depois. Mas estive a tentar encontrar qual era o defeito desta/e garrafa/vinho e descobri só um... a garrafa era muito pequena.

Agora vou retribuir este jantar, mas com uma grande indecisão... com que vinho? Preciso de ajuda e sugestões.


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Beato Nuno 2002 (branco) vs Tinto Talha 2001 (tinto)

Uma coisa muito interessante aconteceu.

No outro dia, tínhamos dois vinhos preparados para o jantar, o primeiro, desconhecido onde as expectativas eram baixas ou nenhumas, um vinho branco de 2002, até achámos que podia estar passado. Depois um tinto, com algum nome, de um produtor conhecido onde estávamos com alguma expectativa, um tinto de 2001.

Começámos com o Branco (Beato Nuno 2002), mesmo antes de começar a jantar (ainda nos ia acompanhar durante o mesmo), pelo aroma, pouco perceptível, podemos deduzir que o vinho estava em condições para ser bebido, mas como não era intenso ficámos ainda na dúvida. Provámos, a primeira impressão é que era bastante agradável e as seguintes foram surpreendentes, o vinho evoluía com o tempo e ia-se fundindo com a comida de forma graciosa. O prazer que nos deu este branco desconhecido foi imenso.

Depois avançámos para o tinto (Tinto da Talha 2001), o aroma deixou-nos apreensivo, fazia lembrar, já, um vinho do Porto, quanto ao sabor, era estranho e decepcionante. Descemos vários degraus e caímos num tombo desta expectativa que trazíamos connosco.

O primeiro vinho fez-nos voar, levitar numa surpresa onde o vinho e a comida se uniam num só, o segundo, foi um balde de água fria, que nos acordou e atirou violentamente para o chão, onde já só sonhávamos com o primeiro vinho e olhávamos para uma garrafa por beber que só servirá para temperar.

domingo, 3 de junho de 2012

Adega da Caridade 2009

Seguindo a sugestão deixada na última conversa á volta do vinho, onde ficou o desafio para provar e descobrir o que há por desvendar neste grandioso mundo, fugindo ás modas que nos são "impostas".
Tive a oportunidade de provar um vinho ideal para poder seguir este conselho, um vinho muito agradável e que, para mim, foi surpreendente, um vinho que foge ao estereotipo dos vinhos do Ribatejo, muito interessante.

É curioso provar um vinho desta forma, não ter qualquer expectativa, por não conhecer ou por não ter lido nenhuma nota de qualquer "especialista". Bebemos com uma mente mais aberta e totalmente desformatados. Posso dizer que bebemos com mais verdade.

Este vinho tinha um aroma bastante químico que nos levava a pensar que ia ser um vinho muito áspero e agressivo, mas o sabor, foi o que nos fez parar, beber novamente, cheirar, beber outra vez e concluir que realmente o vinho é mesmo muito agradável, "guloso", apetitoso. Viu-se que sim, acabámos a garrafa em três tempos, é tão bom beber um vinho assim, sem saber o que nos espera e no fim... acabar a garrafa e procurar um furo a ver se verteu para algum lado porque nos soube a pouco.

Vou deixar, também, este repto para que provem sem preconceitos e sem expectativas, existem produtores que merecem esta oportunidade, este é um deles.