sexta-feira, 2 de março de 2012

Quinta dos Cozinheiros Poeirinho 2000 (Garrafeira de Campo de Ourique)

Esta semana eu e uns amigos decidimos que íamos comprar um dos vinhos referenciados no artigo do New York Times, o Palestra. Soube que estava disponível na Garrafeira de Campo de Ourique, a um preço muito aceitável, durante a hora de almoço, seguimos a pé desde o Rato até á garrafeira. Fez-se muito bem, tivemos a ajuda de um GPS com uma voz Brasileira (“ e esta hem?”).

Quando chegamos, a vista daquelas imensas garrafas a chamar por nós fez-nos ficar em sentido e com vontade de nos sentar-mos e começar a abrir uma por uma... a senhora que estava na loja perguntou se queríamos ajuda, pedimos então o Palestra, que não estava em exposição, a senhora informou-nos que o estavam a ir buscar. Ficámos a contemplar e a conversar sobre algumas das garrafas que estavam expostas.

Passado uns minutos, apareceu o dono da garrafeira, muito simpático, começamos uma conversa interessantíssima, onde íamos aprendendo e conhecendo alguns vinhos, a conversa fez-nos chegar ao Quinta dos Cozinheiros 2000, segundo o senhor fazia lembrar um Borgonha. Foi-nos crescendo água na boca, muito amavelmente o senhor disse que nos ia abrir uma dessas garrafas para provar, a exaltação surgiu e a expectativa era grande.

Chegaram os copos e a garrafa, o som da rolha quando o vinho foi aberto era lindo, parecia música para os ouvidos, de seguida os copos foram ficando compostos. A cor do vinho, apesar de ser de 2000 era escura e aliciante, tive de ver a garrafa para ver se se tinha enganado no ano, não tinha. Depois o cheiro, tão completo apetecia provar, rodei bem o vinho e fui cheirando durante alguns segundos antes de o provar, quando o provei, fiquei espantado com a harmonia deste vinho, ainda o sentia fechado, mas sentia-se o potencial a querer sair, a querer mostrar-se.
 
Passado uns minutos, um dos tragos foi o culminar, o vinho estava no ponto, sentia um vinho elegante e ao mesmo tempo potente, um sabor que nos ficava na boca pedindo mais um trago. Era um vinho que falava, parecia que queria conversar connosco, com carácter. Estava a pedir uma boa refeição para poder mostrar, ainda mais, o seu potencial.

No meio desta prova, entraram na loja dois senhores muito bem postos, que falavam de vinhos Italianos (Pio Cesare), como nós falamos de uma imperial. Foi-lhes oferecido um pouco do vinho que estávamos a beber (gostaram bastante). Depois de serem abastecidos, com apenas com duas garrafas cada, mas de preços bem , estavam a pagar, mas... o dono da loja quando estava a fazer a conta, sem querer, deu um toque numa caixa que estava na bancada, mas também lá estava o copo de um dos senhores, o copo entornou-se e o fato ficou com nódoas, foi ai que descobrimos que daí a pouco o senhor ia estar num programa de televisão e que não era o dia ideal para ficar com o fato sujo.

Apesar disso, o senhor teve alguma calma e levou a situação de forma muito tranquila. Sentimo-nos um pouco responsáveis por este acidente, foi o nosso vinho que fez com que isto acontecesse. Mostra que é um vinho com carácter, com vontade, só um vinho corajoso faz uma coisa destas. Que maravilha de vinho. E não chegava aos dez euros. Claro, compramos todos uma garrafa.

Nota: 17

Deixo aqui o meu agradecimento á simpatia do senhor que tão bem nos recebeu. Uma garrafeira a ter em conta.

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